''Posso desenhar algo para você – o que poderia desenhar?'', perguntou Lonni Sue Johnson, mas não esperou uma resposta. Ela desenhou uma linha encaracolada que se tornou uma auréola de cabelo encaracolado em torno do rosto feliz de um homem sentado, esticando uma perna para cima, equilibrando um pássaro grande em seu pé.
Em questão de minutos, ela acrescentou um gato usando um colar, estrelas e um pequeno avião sorridente. ''Gosto desta parte, pois se espera deixar as pessoas felizes’', disse ela, radiante. ''Toda folha de papel é um agrado’'.
Johnson, 61 anos, é uma artista e ilustradora cujo trabalho lúdico, colorido e frequentemente complexo já foi exposto em um amplo conjunto de publicações, como a capa da revista The New Yorker, livros infantis e de mistérios envolvendo assassinato e o jornal The New York Times – até mesmo um livro didático de física.
Tudo isso mudou em dezembro de 2007, quando foi vítima de encefalite viral, uma doença grave que provocou sérios danos em algumas partes de seu cérebro – incluindo o hipocampo, no qual se forma as memórias recentes. Ela sobreviveu, porém lembra-se de poucas coisas de sua vida anteriores à doença.
Apesar disso, ainda é capaz de criar obras, ainda que mais simples e infantis que seu trabalho profissional. Seu caso é raro, dizem especialistas, pois poucos artistas renomados continuam criando após serem acometidos por danos cerebrais graves.
Atualmente, cientistas da Universidade Johns Hopkins esperam que Johnson possa ajuda-los com antigas questões: quais partes do cérebro são necessárias para a criatividade? Com pouco acesso a sua experiência de vida, como um artista cria?
E, como coloca Michael McCloskey, professor de ciência cognitiva em Hopkins, o caso de Johnson ''levanta questões interessantes sobre identidade: neste caso, foi perdida grande parte que torna a pessoa quem ela é – o que resta para a arte?'' ''Contudo, vê-se em sua arte que ela ainda é praticamente a mesma pessoa’', ele continuou. ''Ela não se tornou uma folha em branco. Existe algo sobre a identidade que está desassociado à memória’'.
Leia mais em http://nytsyn.br.msn.com/cienciaetecnologia/a-arte-sem-mem%C3%B3ria-1?page=4
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