quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O que existe por detrás da máscara? - As máscaras de couro de Tom Banwell

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A máscara é, seguramente, um dos mais simbólicos elementos da linguagem através dos tempos e da história. Este texto é sobre as muitas máscaras que usamos. É sobre o reflexo da realidade no espelho da fantasia... Sobre o que queremos mostrar e o que queremos esconder. A identidade é Steampunk, e Tom Banwell é o homem por detrás desta máscara.



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Desde o final da década de 8O do século passado, o Steampunk se tornou sinônimo de um movimento cultural emergente e se infiltrou nas mais diversas áreas da sociedade. Inevitavelmente, também na arte. Apoiado na Revolução Industrial, no mundo vitoriano e no universo de ficção científica criado por autores consagrados como Júlio Verne, este mundo utópico une natureza e tecnologia nas suas componentes essencialmente visuais para a criação de objectos do fantástico.
A fusão simbiótica do orgânico e do mecânico, e a realidade espácio-temporal que a envolve, prendeu Tom Banwell, um visionário artista norte-americano, hoje com 63 anos, que assistiu ao brotar do que viria a ser o Movimento Steampunk, inspiração fundamental para o seu trabalho. Em criança, o fascínio por capacetes e outros chapéus levava-o a colecioná-los compulsivamente. Anos mais tarde e sem qualquer formação, Tom encontrou no couro o material capaz de exprimir e dar forma à sua paixão e imaginário infantis, sendo esta a matéria base na grande maioria das peças da sua obra.
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Fez então das máscaras e disfarces o seu principal empreendimento, e os mais complexos e extraordinários estão dentro do gênero Steampunk. Por quê? Tom diz apenas que a arte, mais do que uma paixão, é para ele um estilo de vida, a única opção, e que este caminho é aquele que melhor sabe percorrer, ao combinar muitos dos seus interesses: a história, a arte do disfarce, a mecânica, a fantasia... É assim curioso imaginar que estas peças, que parecem vindas de um outro mundo, venham na realidade de uma cave de uma casa situada numa área rural da Califórnia, no sopé da Sierra Nevada, onde Banwell vive com a mulher, Jill, e com quem projeta, corta e pinta cada componente manualmente. Diz inspirar-se na Natureza, que vislumbra pela janela do atelier, e na forma como as máscaras e capacetes conseguem transformar instantaneamente quem os coloca: uma mitose instantânea de novas personagens, de uma persona.
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Tom Banwell adora fazer experiências com o couro e observar como o material se comporta quando cortado, umedecido e moldado. A sua maleabilidade cria um espaço criativo virtualmente infinito para o artista ao mesmo tempo que torna íntima a ligação entre a peça e o utilizador, uma vez que pode ser adaptada a cada indivíduo, assegurando um ajuste perfeito. Por outro lado, é de notar que foram abandonados os materiais mais comuns na atualidade, como plástico, borracha ou penas, aprimorando o produto final e aumentando, naturalmente, a sua qualidade. Cada uma destas peças tem aquele traço distintivo que as torna únicas, facilmente identificáveis.
Máscaras de gás. É impossível não dar de caras com elas ao apreciar o trabalho deste artista — são certamente as suas favoritas. Tom explica: "A máscara de gás é um equipamento usado na face, cujo propósito é purificar o ar respirado. Embora fundamentalmente funcional, torna-se parte do vestuário e altera dramaticamente a aparência do utilizador. Isto pode ser percepcionado pelo observador como aterrorizante, monstruoso, ou divertido, roçando o ridículo. Enquanto artista steampunk, o meu desafio é imaginar como este equipamento poderia ter sido. Gosto de combinar o assustador com o tolo, de modo a invocar a curiosidade e o espanto. O couro trabalhado parece ter vindo do séc. XIX, mas a forma das máscaras, que podem lembrar um rinoceronte ou um elefante, são pura fantasia.".
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Menos como num filme de Kubrick e um pouco mais shakespearianas são as elegantes e delicadas máscaras de festa, muitas também elas em couro, algumas em resina, ou ainda em metal, pelas quais Banwell é igualmente bastante conhecido, e as quais foram já usadas em cinema, televisão, alta-costura e editoriais de grandes publicações como a Vogue.
Grande parte das peças, que podem ser encontradas na loja online, têm preços muito acessíveis, que vão desde pouco mais de uma dezena de dólares, para designs mais simples, e alguns milhares, para outros extraordinariamente elaborados.
Tom Banwell é um autodidata e um inventor incansável (até armas de raios criou), sempre atento e inquieto em relação ao mundo à sua volta, recriando-o da forma mais surpreendente. O seu blog é de leitura obrigatória, recheado de explicações passo-a-passo da execução das suas criações mais complexas, bem como muitas dicas e truques interessantes.
Para qualquer amante do movimento Steampunk, e não só, o trabalho deste artista notável recomenda-se. Veja algumas máscaras do portfolio de Tom.


Fonte: http://obviousmag.org/archives/2011/07/as_mascaras_de_couro_de_tom_banwell.html#ixzz1U6a2oOCi

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