Ele está prestes a entregar uma casa em Los Angeles para um famoso diretor de Hollywood, um projeto nas Bahamas e outro em Aspen. Todos de altíssimo padrão e cheios de soluçõessustentáveis, preocupação que se tornou marca registrada em seus projetos. Estamos falando do premiado arquiteto americano Chad Oppenheim, que estará no Brasil de 31 de agosto a 2 de setembro para participar do Fórum Internacional de Arquitetura, Design e Arte BoomSPDesign, que acontece entre os dias 31 de agosto e 1º de setembro, em São Paulo.
Foto: Divulgação
Edifício Cube, com ambientes projetados fora do corpo central do prédio
Ao lado de outros nomes consagrados do mercado nacional e internacional como Karim Rashid, Dror Benshetrit, Sérgio Rodrigues, Ruy Ohtake e Mário Biselli, Oppenheim irá discursar sobre necessidade de olharmos para o passado para seguirmos em frente. “As sociedades primitivas viviam intimamente conectadas com o meio ambiente e isso precisa ser retomado”, diz o arquiteto, responsável pela criação de um resort encravado nas montanhas da Jordânia e de um edifício com sistema de captação de energia eólica, em Miami. “Acredito que, no futuro, as pessoas vão aprender a viver mais com a terra do que na terra.”
Antes de embarcar para o Brasil, conversamos com Oppenheim para conhecer um pouco mais sobre seus conceitos de sustentabilidade, luxo e arquitetura do futuro.
iG: Quais os aspectos mais importantes em uma construção sustentável?
Chad Oppenheim: Antes de mais nada, é preciso olhar onde esse projeto será implementado e pensar localmente. Usar materiais não-poluentes da região, além de ser sustentável, ajuda a dar um ar regional. Também é importante pensar em formas de gerar energia, seja com o vento ou o sol, captar a água da chuva para reutilizar, por exemplo, na irrigação do jardim, e dar um destino saudável ao lixo. Isso pensando desde os resíduos gerados pela obra até o dia a dia de quem for morar ali. Por fim, é fundamental que a construção gere uma área verde maior do aquela que havia no local transformado. É um processo de replanejar e reconstruir aquele ecossistema.
Chad Oppenheim: Antes de mais nada, é preciso olhar onde esse projeto será implementado e pensar localmente. Usar materiais não-poluentes da região, além de ser sustentável, ajuda a dar um ar regional. Também é importante pensar em formas de gerar energia, seja com o vento ou o sol, captar a água da chuva para reutilizar, por exemplo, na irrigação do jardim, e dar um destino saudável ao lixo. Isso pensando desde os resíduos gerados pela obra até o dia a dia de quem for morar ali. Por fim, é fundamental que a construção gere uma área verde maior do aquela que havia no local transformado. É um processo de replanejar e reconstruir aquele ecossistema.
iG: Quais os maiores obstáculos à arquitetura “verde”?
Chad Oppenheim: O orçamento. Acredito que as pessoas sempre querem fazer o melhor, o certo, mas às vezes o orçamento limita os desejos. Mas nem sempre um projeto sustentável é mais caro. Por exemplo, o Brasil é um dos maiores importadores de mármore da Itália, enquanto vocês têm pedras lindíssimas, que poderiam sair muito mais barato e acessível. É importante olhar para o verdadeiro custo das coisas.
Foto: Divulgação
Edifício COR, com sistema de captação de energia eólica, em Miami
iG: O que o senhor quer dizer com isso?
Chad Oppenheim: Muitas vezes, há um falso preço baixo, que não computa o mal indireto que aquela “economia” traz. Um tomate não-orgânico, por exemplo, pode nos intoxicar com pesticidas, que poluem a terra e a água dos rios próximos às plantações, e aí o governo terá de gastar para despoluir esses recursos e tratar da nossa saúde. Isso sim é um custo real, que nem sempre é sentido por quem acha que está “economizando”. O que é mais fascinante é ver que o ambiente mais sustentável, de forma holística, é Cuba. E não por filosofia, mas por necessidade. Eles não têm dinheiro para comprar fertilizantes e ainda assim as flores dos jardins públicos de Havana são incríveis e os edifícios supereficientes.
Chad Oppenheim: Muitas vezes, há um falso preço baixo, que não computa o mal indireto que aquela “economia” traz. Um tomate não-orgânico, por exemplo, pode nos intoxicar com pesticidas, que poluem a terra e a água dos rios próximos às plantações, e aí o governo terá de gastar para despoluir esses recursos e tratar da nossa saúde. Isso sim é um custo real, que nem sempre é sentido por quem acha que está “economizando”. O que é mais fascinante é ver que o ambiente mais sustentável, de forma holística, é Cuba. E não por filosofia, mas por necessidade. Eles não têm dinheiro para comprar fertilizantes e ainda assim as flores dos jardins públicos de Havana são incríveis e os edifícios supereficientes.
iG: Ter ou consumir um produto com apelo sustentável virou quase um símbolo de status. Você acredita que as pessoas que investem em uma residência com essa premissa realmente adotam práticas ecológicas no dia a dia?
Chad Oppenheim: Bom, não importa muito qual foi a motivação para ter uma casa assim. Acho que o simples fato de estarem fazendo algum movimento para ajudar o planeta já vale. Alguns podem estar adotando esses hábitos porque está na moda, mas tem muita gente que já se conscientizou que nossos recursos naturais são limitados e que precisamos mudar para continuar a ter ar puro para respirar e uma praia limpa para nadar. Temos o desejo natural de ter um meio ambiente limpo e saudável para vivermos.
Chad Oppenheim: Bom, não importa muito qual foi a motivação para ter uma casa assim. Acho que o simples fato de estarem fazendo algum movimento para ajudar o planeta já vale. Alguns podem estar adotando esses hábitos porque está na moda, mas tem muita gente que já se conscientizou que nossos recursos naturais são limitados e que precisamos mudar para continuar a ter ar puro para respirar e uma praia limpa para nadar. Temos o desejo natural de ter um meio ambiente limpo e saudável para vivermos.
Foto: Divulgação
O Waterfront hotel & residence, localizado em frente ao Golfo Pérsico, tem previsão de entrega em 2012, nos Emirados Árabes
iG: E você adota essas práticas sustentáveis na sua vida?
Chad Oppenheim: Claro. Estamos sempre tentando melhorar e ampliar nossas práticas. Em casa, estamos fazendo um retrofit para que toda a energia necessária venha do sol e já plantamos algumas das verduras que consumimos. Outras, pegamos de produtores locais. Para compensar nosso consumo de carbono, compramos créditos de carbono.
Chad Oppenheim: Claro. Estamos sempre tentando melhorar e ampliar nossas práticas. Em casa, estamos fazendo um retrofit para que toda a energia necessária venha do sol e já plantamos algumas das verduras que consumimos. Outras, pegamos de produtores locais. Para compensar nosso consumo de carbono, compramos créditos de carbono.
iG: Além dessas práticas sustentáveis, que outras características acredita que a arquitetura deverá ter no futuro?
Chad Oppenheim: Espero que a arquitetura do futuro olhe um pouco mais para a arquitetura do passado. Obviamente todos querem inovar e criar paisagens fantásticas, mas precisamos pensar na arquitetura mais como algo primitivo, menos dependente da tecnologia, mais sensível ao ambiente em que está inserida. Acredito que as pessoas vão aprender a viver mais com a terra do que na terra em que estão. A relação com a terra deverá mudar, não será mais apenas de retirar o que ela nos dá, também precisa haver uma forma de devolver os recursos.
Chad Oppenheim: Espero que a arquitetura do futuro olhe um pouco mais para a arquitetura do passado. Obviamente todos querem inovar e criar paisagens fantásticas, mas precisamos pensar na arquitetura mais como algo primitivo, menos dependente da tecnologia, mais sensível ao ambiente em que está inserida. Acredito que as pessoas vão aprender a viver mais com a terra do que na terra em que estão. A relação com a terra deverá mudar, não será mais apenas de retirar o que ela nos dá, também precisa haver uma forma de devolver os recursos.
iG: Como no projeto do eco-resort Wadi Rum, que o senhor projetou encravado nas montanhas da Jordânia?
Chad Oppenheim: Exato. Esta é a forma como as sociedades primitivas viviam, intimamente conectadas, em harmonia com o meio ambiente, com seu habitat. Eles não tinham aviões para fugir daquele lugar ou internet para que ficassem “surfando” em outros mundos. Tudo o que precisavam estava em volta. Precisamos olhar um pouco para trás para reaprendermos, antes de irmos em frente. Os prédios mais antigos de Miami, por exemplo, construídos antes do advento do ar condicionado, possuem uma relação muito mais amigável com o ambiente do que os novos, e não deixam de ter soluções interessantíssimas de arquitetura para proteger os ambientes da insolação, por exemplo.
Chad Oppenheim: Exato. Esta é a forma como as sociedades primitivas viviam, intimamente conectadas, em harmonia com o meio ambiente, com seu habitat. Eles não tinham aviões para fugir daquele lugar ou internet para que ficassem “surfando” em outros mundos. Tudo o que precisavam estava em volta. Precisamos olhar um pouco para trás para reaprendermos, antes de irmos em frente. Os prédios mais antigos de Miami, por exemplo, construídos antes do advento do ar condicionado, possuem uma relação muito mais amigável com o ambiente do que os novos, e não deixam de ter soluções interessantíssimas de arquitetura para proteger os ambientes da insolação, por exemplo.
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Foto: Divulgação
Eco-resort Wadi Rum, no deserto da Jordânia, tem inaguração prevista para 2014
iG: Você acredita que voltaremos a encontrar tudo o que precisamos para sobreviver ao nosso redor, mesmo nos centros urbanos? Talvez com prédios como os seus, com geradores de energia eólica no topo, reaproveitamento de água e andares com fazendas verticais?
Chad Oppenheim: Acho incrível essa ideia de ter um futuro mais primitivo. Falo sobre isso há no mínimo dez anos! Hoje, tudo que você consome é importado, mas poderia ser diferente. É claro que a revolução industrial nos tirou das fazendas para as fábricas e o advento do trem e de outras formas de transportes permitiram nos deslocar com mais facilidade, mas com isso perdemos o contato com o que há a nosso redor. Poder ter uma produção mais local me agrada muito. Não sei exatamente como funcionaria uma fazenda vertical, mas naturalmente teria de usar mais luz natural do que artificial, porque se não, não faria sentido por gastar mais energia elétrica.
Chad Oppenheim: Acho incrível essa ideia de ter um futuro mais primitivo. Falo sobre isso há no mínimo dez anos! Hoje, tudo que você consome é importado, mas poderia ser diferente. É claro que a revolução industrial nos tirou das fazendas para as fábricas e o advento do trem e de outras formas de transportes permitiram nos deslocar com mais facilidade, mas com isso perdemos o contato com o que há a nosso redor. Poder ter uma produção mais local me agrada muito. Não sei exatamente como funcionaria uma fazenda vertical, mas naturalmente teria de usar mais luz natural do que artificial, porque se não, não faria sentido por gastar mais energia elétrica.
iG: Seus próximos projetos a ficarem prontos são casas de luxo em Aspen, em Los Angeles e Bahamas. O que caracteriza uma construção de luxo, hoje?
Chad Oppenheim: O conceito de luxo está mudando. As pessoas estão procurando experiências mais reais, com menos brilho e mais substância. Talvez o “warm”, no sentido de acolhedor, confortável, sensível e rico em sensações e texturas – e não em termos de custo – seja o novo “cool”. É um novo pensamento, que deixa de lado o design excessivo, que tentava ser muito “cool”, e caminha para algo mais simples.
Chad Oppenheim: O conceito de luxo está mudando. As pessoas estão procurando experiências mais reais, com menos brilho e mais substância. Talvez o “warm”, no sentido de acolhedor, confortável, sensível e rico em sensações e texturas – e não em termos de custo – seja o novo “cool”. É um novo pensamento, que deixa de lado o design excessivo, que tentava ser muito “cool”, e caminha para algo mais simples.
Foto: Divulgação
A marina e as torres localizadas nos Emirados Árabes tem conclusão prevista para 2012
iG: Você tem projetos no Brasil ou gostaria de ter?
Chad Oppenheim: Estamos conversando sobre a possibilidade de alguns projetos, mas ainda não há nada certo. No passado, fizemos um projeto em parceria com Tishman Speyer, mas gostaria muito de voltar a fazer algo no Brasil, não pela riqueza natural, mas pelas pessoas, que acredito serem o grande diferencial e fator inspiracional do País.
Chad Oppenheim: Estamos conversando sobre a possibilidade de alguns projetos, mas ainda não há nada certo. No passado, fizemos um projeto em parceria com Tishman Speyer, mas gostaria muito de voltar a fazer algo no Brasil, não pela riqueza natural, mas pelas pessoas, que acredito serem o grande diferencial e fator inspiracional do País.
Serviço:
BOOMSPDESIGN – 4° Fórum Internacional de Arquitetura, Design e Arte
Datas: 31 de agosto a 1º de setembro
Local: Belas Artes
Rua José Antônio Coelho, 879 – Vila Mariana
Data: 2 de setembro
Local: D&D Shopping – WTC Teatro
Av. das Nações Unidas, 12.555
Datas: 31 de agosto a 1º de setembro
Local: Belas Artes
Rua José Antônio Coelho, 879 – Vila Mariana
Data: 2 de setembro
Local: D&D Shopping – WTC Teatro
Av. das Nações Unidas, 12.555
Que criatividade!Mto legaal
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