De Mario de Andrade ao "Abaporu", a professora brasileira Marcia Camargos e o pesquisador argentino Gonzalo Aguilar se reuniram na tarde de ontem para avaliar as influências e os elementos que compuseram a obra de Oswald de Andrade, o grande homenageado desta edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). Intitulada Marco Zero Modernista, a mesa que reuniu a dupla partiu do movimento modernista da Semana de 22 para lembrar de Oswald. "Marco zero" é o título de um livro do autor.
- O nome da mesa remete a duas ideias - disse Marcia. - A primeira é o romance "Marco zero", que é uma síntese da primeira metade do século XX a partir de São Paulo. E a outra é o fato de a Semana de 22 ter sido um marco zero para as artes brasileiras, modificando a produção do período anterior.
Marcia tratou da história de Oswald, destacando a importância de sua relação com o escritor Mário de Andrade para o modernismo brasileiro:
- Há quem diga que a Semana de 22 só foi possível pelo encontro desses dois opostos que se atraíam e se complementavam. O Mário era o cimento; e o Oswald, a areia. O Mário era apolíneo; e o Oswald, dionisíaco.
Já Gonzalo Aguilar explorou a relevância do quadro "Abaporu", de Tarsila do Amaral, para o pensamento modernista de Oswald. Ele explicou que a tela inverte a lógica ocidental em que a cabeça é o membro mais importante do corpo.
- No "Abaporu", é o pé que está em primeiro plano e mais destacado. É uma imagem que revela a plasticidade do corpo e a ideia de mobilidade - disse Aguilar, antes de comentar a frase "Tupi or not tupi" do "Manifesto antropófago", escrito por Oswald. - A pergunta dele é se devemos assumir ou não o primitivo.
Fonte: G1
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