SONETO DE CRIANÇA
Quando quiseres olhar o infinito,
nem precisas andar, pois andar cansa;
busca em volta o rosto mais bonito,
e encontrarás um riso de criança.
Estando o mundo cinzento e aflito
e se buscares de volta a tua dança,
repousa na criança teu olhar contrito,
e descobrirás um fio de esperança.
Sendo criança, de novo, a tua vida
será a fonte de força renascida,
porque na paz reside a fortaleza.
Em verdade te digo francamente:
Quem não tornar-se criança novamente,
jamais verá o reino da pureza.
Quando quiseres olhar o infinito,
nem precisas andar, pois andar cansa;
busca em volta o rosto mais bonito,
e encontrarás um riso de criança.
Estando o mundo cinzento e aflito
e se buscares de volta a tua dança,
repousa na criança teu olhar contrito,
e descobrirás um fio de esperança.
Sendo criança, de novo, a tua vida
será a fonte de força renascida,
porque na paz reside a fortaleza.
Em verdade te digo francamente:
Quem não tornar-se criança novamente,
jamais verá o reino da pureza.
Ravatsky
Não há receitas para tal.
Todo o saber, todo o seu brilho
de vaidoso intelectual
vacila ante a interrogação
gravada em mim, impressa no ar.
Bola, bombons, patinação
Talvez bastem para encantar?
Imprevistas, fartas mesadas,
Louvores, prêmios, complacências,
Milhões de coisas desejadas
concedidas sem reticências?
Liberdade alheia a limites,
perdão de erros sem julgamento
e dizer-lhe que estamos quites,
conforme a lei do esquecimento?
E se depois de tanto mimo
que o fascinava, ele se sente
pobre, sem paz e sem arrimo,
forma vazia, amargamente.
Não é feliz. Mas que fazer
para consolo desta criança?
Como em seu íntimo acender
Uma centelha de confiança?
Eis, acode meu coração
E oferece, como uma flor,
A doçura desta lição:
dar a meu filho o meu amor.
Pois o amor resgata a pobreza,
Vence o tédio, ilumina o dia
E implanta em nossa natureza
A imperecível alegria.
(Rio, 18/4/1984)
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