Rio de palavras -1987
A presença do caráter colecionista em sua personalidade e em seu trabalho se evidencia na coleção de brinquedos e no conjunto de signos recorrentes utilizados em toda a sua obra (ampulheta, símbolo do infinito, números, navio, escada, ponte, relógio, avião, farol, instrumentos musicais, átomo, vulcão, montanha, cadeira, bússola, torre, radar etc.). Delimitando todo esse trajeto, costurando todos os pontos, encontra-se a vida, o secreto, o particular, o romântico, que migrou de forma fluente e poética de seu cotidiano para sua produção artística.
Nesse processo de catalogação ou arquivamento do eu, o ‘’mundo’’ foi uma das metáforas mais utilizadas, assim como a geografia unida à topologia do corpo (mapas, globos, rios, caminhos, trajetos, artérias, vias, órgãos, cidades, desejos), que compõe uma espécie de cartografia do desejo. Dentro dessa investigação taxonômica do mundo, a palavra foi um dos agentes processuais mais legítimos e, por meio dela, foi composto um inventário regido pela identificação, observação e classificação.
A palavra se localiza em sua obra livremente, sem amarras, em alguns casos desobedecendo a regras de sintaxe ou gênero. O recurso gráfico por ele utilizado revela um caráter intermidiático, pois em suas construções ‘’poético-visuais’’ há um diálogo entre as artes visuais e a literatura, no qual a palavra e a imagem se conjugam numa estética semelhante àquela das histórias em quadrinhos.
Leonilson relata-se por meio das repetições – seja em uma narrativa voltada às questões sexuais, da idealização romântica e da busca pelo outro, nas metáforas ou nas metonímias do corpo, nas confidências alegóricas, seja na semântica iconográfica –, característica que atribui à sua obra uma estrutura circular. Em alguns momentos essa estrutura se encontra e se recria.
O processo autobiográfico colocado em sua produção revela um ‘’eu’’ carregado por um coletivo simbólico, em que tudo é motivo de sedução, lástima, desejo e vida. É nesse fluxo de poesia, na precisão do diálogo entre palavra e imagem, que o artista cria o seu jogo literário silencioso, que reverbera com mais intensidade em alguns escritos, mas que também habita com precisão os pequenos textos presentes em parte de seus trabalhos.
Os títulos são agentes desse processo literário; condensam uma narrativa íntima, forte, capaz de dizer muito com recursos mínimos e de atingir o outro pelo lirismo e pela simplicidade. A palavra integrada por um contexto poético-visual torna-se agente funcional da aproximação entre o artista e o espectador, atuando como ferramenta de acentuada cumplicidade, avizinhando e capturando, transformando de certa forma o público em testemunha de alegrias, tristezas, buscas, angústias e verdades.
Bitu Cassundé e Ricardo Resende -Curadores
Nesse processo de catalogação ou arquivamento do eu, o ‘’mundo’’ foi uma das metáforas mais utilizadas, assim como a geografia unida à topologia do corpo (mapas, globos, rios, caminhos, trajetos, artérias, vias, órgãos, cidades, desejos), que compõe uma espécie de cartografia do desejo. Dentro dessa investigação taxonômica do mundo, a palavra foi um dos agentes processuais mais legítimos e, por meio dela, foi composto um inventário regido pela identificação, observação e classificação.
A palavra se localiza em sua obra livremente, sem amarras, em alguns casos desobedecendo a regras de sintaxe ou gênero. O recurso gráfico por ele utilizado revela um caráter intermidiático, pois em suas construções ‘’poético-visuais’’ há um diálogo entre as artes visuais e a literatura, no qual a palavra e a imagem se conjugam numa estética semelhante àquela das histórias em quadrinhos.
Leonilson relata-se por meio das repetições – seja em uma narrativa voltada às questões sexuais, da idealização romântica e da busca pelo outro, nas metáforas ou nas metonímias do corpo, nas confidências alegóricas, seja na semântica iconográfica –, característica que atribui à sua obra uma estrutura circular. Em alguns momentos essa estrutura se encontra e se recria.
O processo autobiográfico colocado em sua produção revela um ‘’eu’’ carregado por um coletivo simbólico, em que tudo é motivo de sedução, lástima, desejo e vida. É nesse fluxo de poesia, na precisão do diálogo entre palavra e imagem, que o artista cria o seu jogo literário silencioso, que reverbera com mais intensidade em alguns escritos, mas que também habita com precisão os pequenos textos presentes em parte de seus trabalhos.
Os títulos são agentes desse processo literário; condensam uma narrativa íntima, forte, capaz de dizer muito com recursos mínimos e de atingir o outro pelo lirismo e pela simplicidade. A palavra integrada por um contexto poético-visual torna-se agente funcional da aproximação entre o artista e o espectador, atuando como ferramenta de acentuada cumplicidade, avizinhando e capturando, transformando de certa forma o público em testemunha de alegrias, tristezas, buscas, angústias e verdades.
Bitu Cassundé e Ricardo Resende -Curadores
Projeto expográfico Valdy Lopes Jn
Assistente Luana Demange
Parceria Projeto Leonilson
Concepção e realização Itaú Cultural
quinta 17 de março a domingo 29 de maio terça a sexta 9h às 20h
sábado domingo feriado 11h às 20h
Itaú Cultural – pisos 1, 1S e 2S
entrada franca
Instalação de Leonilson na Capela do Morumbi Como complemento da exposição Sob o Peso dos Meus Amores, será remontada a instalação de José Leonilson na Capela do Morumbi. A obra foi montada pela primeira vez em 1993 e não chegou a ser vista pelo artista. Leonilson recorreu a roupas e usou suas próprias camisas como uma metáfora de sua frágil situação pessoal: tecidos leves, já gastos e meio transparentes, acentuavam a questão da desmaterialização tanto da obra quanto de seu criador.
domingo 20 março a domingo 29 maioterça a domingo 9h às 17h
Capela do Morumbi | Avenida Morumbi 5.387 – Morumbi – São Paulo SP | informações 11 3772 4301 |http://www.museudacidade.sp.gov.br/capeladomorumbi.php
entrada franca
Sociedade Amigos do Projeto Leonilson A Sociedade Amigos do Projeto Leonilson é uma sociedade civil sem fins lucrativos, fundada por amigos e familiares do artista. É dirigida por um conselho consultivo, que atua sem remuneração e funciona, oficialmente, desde 1995.
O Projeto Leonilson tem como missão a preservação cultural a partir da memória do artista, da catalogação e da divulgação de seus trabalhos. Mantém sob sua guarda o acervo das obras e o arquivo pessoal de Leonilson. Atua como intermediário quando da aquisição de obras por instituições museológicas brasileiras e internacionais e disponibiliza o resultado de suas pesquisas a curadores, estudantes e pesquisadores, sendo considerado o centro de referência
de estudo e informações sobre a vida e a obra do artista.
Fonte: Itaú Cultural
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