Com status de banda de arena, Coldplay faz show memorável no Rio de Janeiro.
MARCOS BRAGATTO - Colaboração para o UOL do Rio de Janeiro
O espetáculo é roteirizado com início, meio e fim, não só no encaixe das músicas no repertório --quase padronizado nos 26 países por onde passou--, mas em detalhes que ultrapassam a esfera musical. Tanto o figurino usado pelos músicos quanto cada instrumento --além do bumbo da bateria, guitarras, baixo e piano--, tudo é customizado com as pinceladas coloridas criadas a partir do material gráfico do disco, cuja capa é inspirada na obra do artista francês Eugène Delacroix.Foi a mesma imagem que apareceu no telão ao fundo do palco, quando o show iniciou com "Life In Technicolor", primeira faixa do CD mais recente. Não é um single de sucesso do grupo, mas mostra que o show é planejado para ter períodos distintos com alternâncias em momentos mais calmos e outros mais agitados, como bem reza a cartilha do indie rock onde o Coldplay fez seu berço.Antes de "Clocks", uma das faixas mais antigas, o Chris Martin começou a gastar o português que aprendeu nas outras duas oportunidades em que esteve no Brasil. "Muito obrigado. Boa noite", disse, antes de ser aplaudido. A música usa o simples e eficiente recurso do raio laser disparado do centro do palco sobre o público, como aconteceu no show de 2003.Poucas pessoas pareciam tão felizes quanto o próprio vocalista: sai o tímido e cabisbaixo líder da banda underground e entra o frontman que comanda multidões. Receptivo, ele recolheu uma bandeira do Brasil e um ursinho de pelúcia com o uniforme da seleção brasileira de futebol lançados ao palco. Na primeira vez que desceu em uma das duas rampas que conduzia ao meio do público, em “In My Place”, Martin não se conteve ao ver o público cantando. "É inacreditável", disse.O grupo fez um mini set acústico, com destaque para a bateria digital de Will Champion e os solos de piano do próprio Chris. Do outro lado, num praticável montado no fosso que separava a pista vip da comum, o grupo complementou a parte desplugada com a inédita "Don Quixote". No entanto, substituiu "Billie Jean", que homenageou Michael Jackson no show em Buenos Aires, por "Shiver", que não tocava ao vivo há mais de um ano.O clássico "Yellow" fez aparecer dezenas de balões amarelos sobre o público, que, ao serem estourados, despejavam papel picado. A imagem da multidão, feita por uma câmera posicionada às costas da banda, proporcionou o primeiro momento de grande emoção da noite. Provocador, Chris Martin pedia que o último verso fosse repetido tão alto a ponto de ser escutado em São Paulo.Se musicalmente o Coldplay persegue o posto do U2, ao vivo, hoje se trata de uma grande banda de arena, que toca com um surpreendente peso, imposto pela pegada de Champion e pela cancha que o grupo tem adquirido na estrada ao longo desses anos --esta turnê já entra no terceiro ano seguido. É o que se percebe na ótima "Glass Of Water", na tribal e pesada "Politik" e em "Fix You". As melodias colantes da guitarra de Jon Buckland e o baixo discreto, mas firme, de Guy Berryman sustentam uma bela base na maior parte do tempo. O diálogo resultante tem pegada de arrepiar.O outro grande momento da noite aconteceu entre os dois set acústicos, em "Viva La Vida", com tambores gigantes fazendo as vezes da bateria. As luzes foram acessas e o público voltou a ser mostrado no telão, cantando a melodia da música num fade emocionante. Em "Lost!", enormes balões no alto do palco, feito lâmpadas, foram a ser "acesos" com projeções de imagens do show. Outro recurso simples de efeito convincente.O primeiro bis começou a criar o clima para a despedida, e trouxe "Lovers In Japan" com o soprar de papel picado em forma de borboletas sobre o público. "Life In Technicolor 2" encerrou o show do jeito que ele começou, como no fechamento de um ciclo. A diferença é que o público, que participou cantando o tempo todo, piscando celulares a pedido de Chris Martin, agora olhava boquiaberto para o foguetório disparado por detrás do palco. Imagem que melhor traduz uma noite memorável.
MARCOS BRAGATTO - Colaboração para o UOL do Rio de Janeiro
O espetáculo é roteirizado com início, meio e fim, não só no encaixe das músicas no repertório --quase padronizado nos 26 países por onde passou--, mas em detalhes que ultrapassam a esfera musical. Tanto o figurino usado pelos músicos quanto cada instrumento --além do bumbo da bateria, guitarras, baixo e piano--, tudo é customizado com as pinceladas coloridas criadas a partir do material gráfico do disco, cuja capa é inspirada na obra do artista francês Eugène Delacroix.Foi a mesma imagem que apareceu no telão ao fundo do palco, quando o show iniciou com "Life In Technicolor", primeira faixa do CD mais recente. Não é um single de sucesso do grupo, mas mostra que o show é planejado para ter períodos distintos com alternâncias em momentos mais calmos e outros mais agitados, como bem reza a cartilha do indie rock onde o Coldplay fez seu berço.Antes de "Clocks", uma das faixas mais antigas, o Chris Martin começou a gastar o português que aprendeu nas outras duas oportunidades em que esteve no Brasil. "Muito obrigado. Boa noite", disse, antes de ser aplaudido. A música usa o simples e eficiente recurso do raio laser disparado do centro do palco sobre o público, como aconteceu no show de 2003.Poucas pessoas pareciam tão felizes quanto o próprio vocalista: sai o tímido e cabisbaixo líder da banda underground e entra o frontman que comanda multidões. Receptivo, ele recolheu uma bandeira do Brasil e um ursinho de pelúcia com o uniforme da seleção brasileira de futebol lançados ao palco. Na primeira vez que desceu em uma das duas rampas que conduzia ao meio do público, em “In My Place”, Martin não se conteve ao ver o público cantando. "É inacreditável", disse.O grupo fez um mini set acústico, com destaque para a bateria digital de Will Champion e os solos de piano do próprio Chris. Do outro lado, num praticável montado no fosso que separava a pista vip da comum, o grupo complementou a parte desplugada com a inédita "Don Quixote". No entanto, substituiu "Billie Jean", que homenageou Michael Jackson no show em Buenos Aires, por "Shiver", que não tocava ao vivo há mais de um ano.O clássico "Yellow" fez aparecer dezenas de balões amarelos sobre o público, que, ao serem estourados, despejavam papel picado. A imagem da multidão, feita por uma câmera posicionada às costas da banda, proporcionou o primeiro momento de grande emoção da noite. Provocador, Chris Martin pedia que o último verso fosse repetido tão alto a ponto de ser escutado em São Paulo.Se musicalmente o Coldplay persegue o posto do U2, ao vivo, hoje se trata de uma grande banda de arena, que toca com um surpreendente peso, imposto pela pegada de Champion e pela cancha que o grupo tem adquirido na estrada ao longo desses anos --esta turnê já entra no terceiro ano seguido. É o que se percebe na ótima "Glass Of Water", na tribal e pesada "Politik" e em "Fix You". As melodias colantes da guitarra de Jon Buckland e o baixo discreto, mas firme, de Guy Berryman sustentam uma bela base na maior parte do tempo. O diálogo resultante tem pegada de arrepiar.O outro grande momento da noite aconteceu entre os dois set acústicos, em "Viva La Vida", com tambores gigantes fazendo as vezes da bateria. As luzes foram acessas e o público voltou a ser mostrado no telão, cantando a melodia da música num fade emocionante. Em "Lost!", enormes balões no alto do palco, feito lâmpadas, foram a ser "acesos" com projeções de imagens do show. Outro recurso simples de efeito convincente.O primeiro bis começou a criar o clima para a despedida, e trouxe "Lovers In Japan" com o soprar de papel picado em forma de borboletas sobre o público. "Life In Technicolor 2" encerrou o show do jeito que ele começou, como no fechamento de um ciclo. A diferença é que o público, que participou cantando o tempo todo, piscando celulares a pedido de Chris Martin, agora olhava boquiaberto para o foguetório disparado por detrás do palco. Imagem que melhor traduz uma noite memorável.
Fonte da imagem referente ao show do Rio de Janeiro: www. o globo.com.br ou www.g1.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Agradeço sua participação que é muito importante para mim.