SEJA BEM-VINDO!

A ARTE RENOVA O OLHAR!

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Teatro Alternativo


Após um período intenso de produção – e perseguição – durante os anos sessenta, o teatro brasileiro inicia a nova década sob pesadas perspectivas. Com a censura militar, grupos que foram fundamentais para a expansão da dramaturgia brasileira, como Opinião, Arena ou Oficina, estão quase ou totalmente desarticulados, com peças proibidas ou com impossibilidades financeiras para novos projetos. Seja o teatro engajado de Oduvaldo Vianna Filho (o Vianinha), Paulo Pontes, Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal, seja o teatro radical e experimental de José Celso Martinez Corrêa, todos passam a buscar novos caminhos profissionais, que iam desde trabalhos voltados para a televisão até o autoexílio pelo mundo.

Nesse cenário, surge uma nova geração de diretores, atores e dramaturgos dispostos a ocupar com novas referências e ideias um espaço marcado pelo impacto de peças como “O Rei da Vela” (1967) e “Roda Viva” (1968). Esses dois espetáculos, de forte apelo visual e de propostas ousadas para a época, tiveram,
na mesma medida, o prestígio do público e a repressão da censura. Suas estéticas radicais e seus diálogos com a violência traziam afinidades diretas com a postura marginal na cultura brasileira. Já durante o início dos anos setenta, a influência de grupos como o americano Living Theather e uma série de questões relacionadas ao teatro, à contracultura, à vida comunitária, ao questionamento da palavra como centro da atividade teatral e à valorização do corpo e do êxtase como elementos cênicos passam a fazer parte de novas propostas e peças encenadas.

É ainda o Oficina de José Celso que faz de forma mais contundente essa transição de um teatro ainda vinculado ao texto autoral e a prática do grupo para um teatro de criação coletiva e de prática comunitária. O espetáculo “Gracias Señor”, de 1971, foi criado coletivamente pelo atores do Oficina e encenado em espaços alternativos por diversas cidades brasileiras. A postura contracultural do Oficina no início da década e os trabalhos, declarações e presença de Julien Beck e de parte de sua companhia Living Theather no país durante um período (1970) foram dois nortes que inspiraram o teatro experimental brasileiro nesse momento.

Outros autores e companhias teatrais mantiveram acesa ao longo da década de setenta a relação entre o teatro e a contracultura. Autores como os paulistas Antônio Bivar, com as peças “Alzira Power” (1970) e “Longe daqui, aqui mesmo” (1971) e José Vicente, autor do grande sucesso da época “Hoje é dia de rock” (1971), são os principais representantes de uma nova dramaturgia brasileira. Ao lado de outros autores desse período como Leilah Assumpção e Isabel Câmara, esses novos autores trouxeram para o palco alguns dos princípios da contracultura e da marginália.

Além desses novos autores, outro exemplo de postura alternativa frente aos formatos tradicionais do teatro foram os grupos de atores cujas companhias funcionavam quase de forma comunitária, em processos de criação coletiva a partir de poucos recursos. O mais famoso desses grupos foi o carioca Asdrúbal Trouxe o Trombone, composto pelo diretor Hamilton Vaz Pereira e um coletivo de atores como Regina Casé, Evandro Mesquita, Patrícia Travassos, Niná de Pádua e Luiz Fernando Guimarães. As montagens da peça “Inspetor Geral”, de Gogol (1974), e “Trate-me Leão”, criação coletiva do grupo (1977), foram marcos
da renovação teatral brasileira.

Fonte:http://tropicalia.com.br/ruidos-pulsativos/marginalia/teatro-alternativo

Nenhum comentário:

LinkWithin

.post-body img{ -webkit-transition: all 1s ease; -moz-transition: all 1s ease; -o-transition: all 1s ease; } .post-body img:hover { -o-transition: all 0.6s; -moz-transition: all 0.6s; -webkit-transition: all 0.6s; -moz-transform: scale(1.4); -o-transform: scale(1.4); -webkit-transform: scale(1.4); }