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sábado, 1 de novembro de 2014

15 MANDAMENTOS DA CRIAÇÃO


Mentor de artistas plásticos renomados e referência em processo criativo no Brasil, Charles Watson aponta caminho necessário para fazer a diferença na arte (e em qualquer área de atuação)



A equação entre criatividade, talento e inspiração não funciona como você (e a maioria das pessoas) pensa. Essa é a mais recorrente lição frisada nos workshops sobre processo criativo ministrados por Charles Watson. Escocês radicado no Brasil, formado em arte e literatura pela Bath University, na Inglaterra, ele ministra cursos sobre o tema desde a década de 1980. Também é professor na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro.

Watson já foi artista plástico, mas abandonou a carreira para se tornar mentor de quem se interessa em produzir arte. Hoje é considerado um guru da criatividade. Há alguns dias, no Recife, participei de workshop de cerca de 20 horas ministrado por ele. Foi o suficiente para me fazer repensar bastante meu processo criativo. Como trabalho diariamente com produção intelectual (em um jornal impresso de grande circulação), percebi o quanto a maioria de nós, artista ou não, se engana a respeito da temática. A partir de minhas anotações, traduzi os principais ensinamentos de Charles Watson em 15 mandamentos do processo criativo:



DESCUBRA O QUE AMA FAZER - Paixão deve vir antes do treinamento. Ao identificá-la, é preciso obedecer, alimentá-la com conhecimento. Para qualquer pessoa, é essencial encontrar uma atividade que produz significado. Achar algo que seja divertido. Que desperte um forte sentimento de curiosidade. Uma atividade autotélica (cuja finalidade está no processo, e não no produto final).

FAÇA O QUE LHE ATRAI - Quando há envolvimento intenso, paixão pelo que faz, você aumenta a tolerância ao desconforto (o melhor lugar vai ser sempre aqui, fazendo o que você gosta). Por isso, diminui o tempo necessário para se tornar excelente no que faz. Tudo isso leva a uma prática deliberada, que representa um intenso envolvimento, com qualidade.

FAÇA PORQUE QUER - Motivações extrínsecas (fama, dinheiro) são limitadas. Faça algo porque é importante para você. Quando estiver de fato envolvido, haverá uma abdicação do “eu”, e você passará a fazer parte do todo.



NÃO CONFUNDA COM TERAPIA - Esqueça a ideia de transformar o processo artístico em terapia, em um método de “colocar tudo pra fora”. Arte é diferente de catarse. Para ser arte, é preciso transcender, se tornar universal por meio da linguagem.

SE DEDIQUE POR DEZ ANOS - É raro alguém fazer uma contribuição relevante em sua área de atuação sem ao menos dez anos de dedicação. É o tempo necessário para internalizar as "regras do jogo". Com a repetição, o conhecimento explícito se torna implícito. O caráter multitarefa contemporâneo dá uma falsa ilusão de que evoluímos mais rápido. Na realidade, ele prejudica a capacidade de pensar. Embora nós consigamos acessar informações em velocidade cada vez maior e com alcance quase infinito, o tempo necessário para "assimilar um problema" é o mesmo.

ESQUEÇA O TALENTO - Se talento (habilidade intrínseca, inata) existe, tem importância quase irrelevante. As pessoas que fazem diferença em suas áreas geralmente enfrentaram dificuldades. Para eles, ser chamado de gênio ou talentoso desvaloriza o esforço e a dedicação. Atos extraordinários surgem de ações ordinárias (comuns), a partir do que está disponível para todos.



ESQUEÇA A INSPIRAÇÃO - O trabalho produz inspiração e não o contrário. A prática e o treino, associados a uma aumento gradativo do nível de dificuldade, gera insights, ideias, revelações. Para controlar a frequência com que isso acontece, é preciso muita disciplina.

NÃO ANSEIE POR PÚBLICO NUMEROSO - Não é tão importante o tamanho da plateia. Pessoas como Van Gogh e Albert Einstein tiveram plateias de duas ou três pessoas enquanto eram vivos.

SAIA DA ZONA DE CONFORTO - Pesquisar é ir para lugares onde nunca esteve, fazer experiências novas com o próprio trabalho. É levar o que você faz para um lugar novo. Esqueça as pesquisas de mercado, pois o público tende a nivelar por baixo, associar com o que já foi pensado. O mais importante é procurar lugares de dificuldade, sair da zona de conforto, estar em movimento.



COMETA ERROS - Se você quer mesmo criar, o erro é prerrogativa. Se não erra, é porque não está em movimento. Não evolui. Torne o desconforto que surge diante dos problemas um aliado. Tenha capacidade de lidar com ambiguidades, com estados de ansiedade.

TENHA LIMITES - No processo criativo, é essencial ter limites pré-estabelecidos. Isso permite fazer várias leituras em cima da mesma plataforma. Nunca comece um processo de criação em que tudo pode. Se estiver livre demais, crie você mesmo alguns limites.

FAÇA RASCUNHOS - Sempre carregue um bloco de anotações de ideias para não desperdiçar nenhum pensamento ocasional. Afinal, o trabalho do artista não é dizer o inédito, e sim o lugar-comum que todo mundo esquece. Fazer esboços é importante para estimular o pensamento, internalizando informações. O desenho é uma espécie de oráculo.



DIVERSIFIQUE - Varie entre diversas áreas para se afastar e avaliar o seu trabalho. Nas artes, por exemplo, circule entre literatura, pintura, música.

SAIBA COMPARAR - É importante ter a capacidade de pensar por analogia, com a construção de metáforas. Perceber semelhanças em questões ou assuntos que aparentemente não estão relacionados. Desenvolva experiência razoável em várias atividades distintas, de maneira que consiga criar feixes de significado entre elas. E quanto menos uma atividade tiver a ver com a outra, melhor. É o que se chama de inserção de um "elemento anárquico" dentro do processo criativo.

PENSE DIFERENTE - Saiba praticar o pensamento divergente, que busca alternativas a partir de informações aparentemente inúteis. Tenha coragem de fazer o contrário do que é feito (o sistema de pensamento das empresas e do sistema educacional é convergente, busca respostas como sim ou não, certo ou errado).

Para saber mais, leia entrevista que fiz com o Charles Watson.



© obvious: http://lounge.obviousmag.org/sarcasmo_e_sonho/2014/10/15-mandamentos-da-criacao.html#ixzz3Hpa0qef8

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