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terça-feira, 2 de setembro de 2014

O LADO FEMININO DE MACHADO DE ASSIS


O maior escritor brasileiro era um entusiasta do universo feminino e por meio dele expôs seu talento à pena. A sua escrita conferiu valor à mulher por meio de suas heroínas.



No Brasil do século XIX, o Romantismo era dominante na Literatura. E posto em palavras, virou regra nas casas e rodas burguesas. Apesar de exagerar em um drama no qual se prega um modo de vida utópico, sonhos e amores impossíveis, além de idealizações de como devemos nos comportar, ser e estar, a escola literária reinou absoluta. E era consumida, sem pudor, pela sociedade. Desse modo serviu para fortificar valores considerados ideais, para ideais modos de vida.

As velhas heroínas do Romantismo, detentoras de atributos tais como a devoção, sensibilidade à natureza, superação de obstáculos, o anseio pelo casamento, aspiração materna, entre outras características, brotavam dos livros de cabeceira. Muito conveniente àquela época que se pregasse tal discurso a fim de manter ordem na sociedade - com o homem e a mulher colocados em seus devidos lugares.

É neste contexto que Machado de Assis rejeita com o Romantismo, influenciando não somente a literatura, mas, também, toda uma linha de pensamento no Brasil. Segundo alguns críticos do escritor brasileiro, ele jamais pertenceu, de fato, ao Romantismo. No entanto, mantinha alguns pontos de contato com a escola literária, mesmo desobrigando-se de seus cânones.

Atrelando-se ao Realismo, Machado – extremamente analítico e reflexivo – mantém um diálogo honesto com o leitor, tratando questões sociais e emocionais de forma objetiva. Claramente, Machado utiliza-se da sutileza psicológica para emaranhar suas tramas, num contexto acerca das questões e condições humanas. A loucura, ironia e a crítica são intrínsecas aos seus escritos.

O fascínio do autor pelas mulheres levou-o a concentrar suas narrativas em suas heroínas, alterando o eixo narrativo, criando um estilo inovador para a época. Machado de Assis evidencia o que nunca fora antes evidenciado, como as ações, emoções e pensamentos da alma feminina, uma vez que concedeu à mulher, importância equivalente ao herói. A alta relevância que o autor concede às suas mulheres faz com que seus outros personagens sejam mais rasos, de uma psicologia menos complexa.

(Imagem da minissérie Capitu, de Luiz Fernando Carvalho)

Elas, portanto, tornam-se o ponto central de toda a narrativa. Em uma oposição às heroínas do Romantismo, são providas de personalidades marcantes. O autor as capacitava para conduzir a trama por outro viés, imprimindo em cada uma delas ambição, paixão e razão como nenhum outro escritor brasileiro.

Talvez por ter começado sua carreira escrevendo para revistas e, assim sendo, para um público esmagadoramente feminino, Joaquim Maria Machado de Assis adquiriu notável destreza ao falar sobre as mulheres, para as mulheres. Ele foi muito fiel às suas leitoras. Conversava com elas e delas aprendia.

Ler Machado nos envolve em uma atmosfera passional e racional ao mesmo tempo. E ele retrata, muito soberbamente, esse paralelo na vida de suas personagens. As mulheres machadianas são deliciosamente reveladas em uma sensual coragem e desinibição para lutar pelos próprios ideais.

A maneira apaixonada e meticulosa com a qual ele descreve toda a forma, todos os traços, todo o movimento e os olhares destas mulheres, o caracterizam não somente como um observador do universo feminino, mas, Machado vai além: torna-se cúmplice desse universo.



Fontes das imagens: 1, 2, 3.

© obvious: http://obviousmag.org/archives/2010/09/o_lado_feminino_de_machado_de_assis.html#ixzz3CBcitU30

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