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quinta-feira, 17 de julho de 2014

Em homenagem ao TRIBARTE Bernardo Gonzalez conta sua história!


 Cresci ouvindo histórias. 
Lembro-me de que quando era criança meu pai contava histórias para mim algumas vezes antes de dormir, histórias que ele inventava ao pé da cama. Outras vezes ele lia histórias de algum livro que eu havia ganhado e de alguns que ele mesmo me presenteava. 
Contudo não era só nesses momentos em que ouvia histórias.


 Cresci na biblioteca infantil Maria Mazzetti (BIMM) situada nos jardins da Fundação Casa de Rui Barbosa, onde meu pai trabalhava. Nesta biblioteca tinha as estantes na minha altura e toda a liberdade para escolher livros e me encantar com muitas e muitas histórias. 


Delícia maior era a “hora do conto”, nome que tinha a atividade de “contação” de histórias que acontecia no jardim da fundação. 
Minha relação com a leitura se estendia da sala da BIMM aos jardins da casa. 
Ali fiz amigos, brinquei na terra, brinquei de piques, cacei girinos num dos laguinhos (e depois os devolvia porque sabia que era proibido), fiz algumas travessuras. Enfim, parte das relações que estabeleci com o mundo na minha infância se davam naquele espaço onde o meu imaginário reinava solto.


Hoje quando vou lá, vejo de certo modo nos pequenos leitores que frequentam a BIMM e os demais espaços da fundação, essa relação se repetindo.


A memória mais forte que tenho das minhas primeiras relações com o livro se deu nesse espaço. Quantas vezes levei para casa emprestado o livro “Rente que nem pão quente” de Maria Mazzetti... Ele me acompanhou durante um longo tempo... Durante um longo tempo o tive como o preferido e o levava sempre emprestado. 
“Você conhece Manuela? Não?” A história começa assim e eu não me cansava de responder (como se fosse a primeira vez) para minha mãe que o lia em voz alta: -“Nãããooo!!!!”. A ratinha Manuela se tornou uma verdadeira e irresistível paixão! Eu roía que roía a sua história... enquanto isso, imagino que minha mãe devia se roer de cansaço por lê-lo tantas vezes... Mas sem dúvida os esforços dela e de meu pai foram compensados, apesar de ser filho único acabei adotando como irmão, o livro.







Hoje quando vou lá, vejo de certo modo nos pequenos leitores que freqüentam a BIMM e os demais espaços da fundação, essa relação se repetindo.
A memória mais forte que tenho das minhas primeiras relações com o livro se deu nesse espaço. 


Quantas vezes levei para casa emprestado o livro “Rente que nem pão quente” de Maria Mazzetti... Ele me acompanhou durante um longo tempo... Durante um longo tempo o tive como o preferido e o levava sempre emprestado. “Você conhece Manuela? Não?” A história começa assim e eu não me cansava de responder (como se fosse a primeira vez) para minha mãe que o lia em voz alta: -“Nãããooo!!!!”. A ratinha Manuela se tornou uma verdadeira e irresistível paixão! Eu roía que roía a sua história... enquanto isso, imagino que minha mãe devia se roer de cansaço por lê-lo tantas vezes... Mas sem dúvida os esforços dela e de meu pai foram compensados, apesar de ser filho único acabei adotando como irmão, o livro.
Minha convivência com os livros através da Biblioteca Infantil Maria Mazzetti acompanhou meu crescimento até o começo da adolescência.
O tempo guardou a ratinha Manuela no canto das minhas memórias afetivas e abriu espaço para outros interesses.
Mesmo depois que me alfabetizei, gostava que meu pais de vez em quando lessem junto comigo. Sentia que a leitura ganhava um "gosto" e um cheiro mais forte. Era outro tempero.
No entanto a vontade de ler mais crescia, e a independência se vez pela curiosidade.
Acho que tive várias fazes e ritmos de leitura a partir daí. Dos seis aos sete anos, lia histórias simples como "Mico Maneco" de Ana Maria Machado. Algumas coleções para crianças muito comuns na época (não lembro o título mas se ver reconheço.. rs), outros títulos que ganhava de presente do meu pai. Ah, sim! "O touro Ferdinando" foi um desses! Até hoje tenho o livro (já meio despedaçado), e incorporei a história no meu repertório de "preferidas para contar".







Tive uma fase já com oito, nove anos, que adorava ler livros informativos: "As máquinas", "o ar", "Água", etc. Gostava de entender os "porquês" das coisas. A maior fixação foi com uma enciclopédia de cachorros. Lembro de meu pai um pouco incomodado com as horas a fio que me dedicava as raças caninas. Depois ele relaxou, pois me lembro que brincávamos na rua de identificar a raça dos cães. Modéstia a parte eu acertava todas.
Bem.. hoje admito que se me perguntarem já não tenho mais a mesma destreza...

Depois veio a fase dos quadrinhos. De "Turma da Mônica" a "Snoopy", "Garfield", "Calvin e Aroldo" e por último Mafalda (que perdurou, pois leio até hoje...). Naquela época lê-los era uma compulsão!
Nunca gostei dos quadrinhos da Disney e dos super-heróis.
O que acho mais interessante, na minha história como leitor, é que hoje percebo claramente a mediação que meu pai fazia comigo. Sempre que entrava numa "fase arriscada" de não querer outras leitura, ele sorrateiramente me oferecia algo novo. Quase sempre era uma leitura muito irresistível, que me permita diversificar o fluxo de minhas escolhas. Foi assim que ganhei, li e me apaixonei por "Os colegas" de Lygia Bojunga Nunes.


Já na adolescência, com uns 14 anos mais ou menos, precisei ler "O alquimista" um livro de Paulo Coelho, solicitado pela professora de português da escola em que estudava. Meu pai ficou bem preocupado. Princialmente porque depois eu quis ler "O diário de um mago", "As valquírias"... mas parei as leituras com "Nas margens do rio Piedra eu sentei e chorei". Meu pai sentou e riu de alívio! Eu havia cansado de Paulo Coelho.


Logo depois ele me presenteou com Sherlock Holmes. Um personagem que eu já conhecia, e que voltou a passear comigo por algum tempo.
Mais ou menos nesse período em diante, comecei a fazer minhas próprias escolhas com mais autonomia, a conversar com colegas e parentes, ir as bienais (ia muito com eu pai), gostava muito de trocar idéias sobre livros. Me lembro de alguns títulos marcantes: "O fantasma de Canterville", "O príncipe feliz", "O escaravelho do diabo", "Contos plausíveis", alguns livros da coleção "Para gostar de ler", "As brumas de Avalon", "História sem fim", "O alienista", "Contos" (Machado de Assis), "Memórias póstumas de Brás Cubas", "O velho e o mar", "Demian", "Os três mosqueteiros", "A rainha Margot", "Alice no país das maravilhas", "O Ateneu" (esse em especial meu pai adaptou para o público juvenil), revisitei alguns volumes do "Sítio do Pica-pau Amarelo", "Contos tradicionais do Brasil", "O grande sertão Veredas "(não terminei...), "Primeiras histórias" (para diminuir a frustração com "O grande sertão veredas"..)... Abri para uma diversidade sem fim que se seguiu até a faculdade de Pedagogia, quando dei uma grande guinada para as leituras acadêmicas.


Nos primeiros anos de curso me apeguei muito a Paulo Freire, que me serve de referencial teórico e motivação até hoje. Li muitos de seus livros e "Medo e ousadia", se tornou um dos mais significativos em minha práxis.
Outros dois grandes teóricos que conhecei e aos quais também recorro muito, são Vygotsky e Walter Benjamim.












Paulo Freire calçou as bases de meu norteamento político, me fornecendo as bases para pensar política e educação brasileira.
Vygotsky me ajudou a entender e aprofundar minhas percepções sobre o processo de aprendizado. Trazendo a tona as bases sócio-cognitivas para refletir sobre a construção do conhecimento e a sociedade.
E por sua vez Benjamim coloca um prisma na busca por uma produção de sentidos (subjetividades) na aquisição do conhecimento, me ajudando a pensar a relação artística e social da narração de histórias, com o estímulo a leitura e a produção da literatura infanto-juvenil.

Sua história Bernardo Gonzales é um livro para ser compartilhado sempre!
O TRIBARTE tem grande orgulho em tê-lo na comemoração de nosso aniversário!
Que Deus muito o abençoe!
E que a leitura do mundo que procede a escrita possa nos nortear!
Imenso abraço, Aline Carla Rodrigues.

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