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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Obras de Arte são esquecidas no cofre da Justiça.


Um tesouro esquecido nos cofres da Justiça brasileira. São milhares de esculturas e quadros - apreendidos com bandidos e empresários envolvidos em escândalos. Obras de arte que valem milhões. Mas que são mantidas longe dos olhos do público. “Nós temos obras de mais de 20 anos guardadas aqui”, diz a diretora do Museu de Belas Artes do Rio, Mônica Xexéo. “Os valores de mercado atingem entre US$ 30 e US$ 40 milhões”, calcula o administrador judicial do Banco Santos, Vânio Aguiar. “A sociedade tem o direito de ver tudo isso”, defende a estudante Ana Régia.

A discussão envolve um acervo de seis mil obras de arte. São peças que saíram das mansões de empresários falidos e de narcotraficantes por ordem da Justiça e estão espalhadas por museus brasileiros. Em setembro de 2007, a Polícia Federal conseguiu prender o chefe de um poderoso cartel do tráfico de drogas, o colombiano Juan Carlos Abadia. Com ele, descobre ainda um acervo de arte moderna: obras dos brasileiros Burle Marx e Cândido Portinari. São peças que nunca foram expostas.

São R$ 3 milhões por ano para guardar e preservar esses quadros. “Limpeza e observação constante para ver se está havendo algum dano, porque a obra quietinha e parada também se danifica, depende do clima e da temperatura. Dá um trabalho”, explica Denise Emerich, diretora técnica do Museu de Arte Sacra de São Paulo. O destino de toda arte sob custódia depende de decisão definitiva da Justiça. O juiz federal Fausto de Sanctis determinou a guarda provisória nos museus. Ele é contra a venda de obras em leilão para pagar dívidas. “A preocupação é quantificar não em valores monetários, mas em termos culturais as obras que são eventualmente apreendidas”, afirma o juiz.

As obras do ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira ainda estão guardadas e podem servir para pagar a dívida de R$ 3 bilhões do falido Banco Santos. Enquanto isso, muitas permanecem trancadas a sete chaves. Para chegar ao coração do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, é preciso atravessar uma área com ar-condicionado, luz moderada e um labirinto de portas. Por questões de segurança, não se pode mostrar onde ficam guardadas as obras apreendidas, porque estão no mesmo espaço do acervo definitivo. Nem os funcionários autorizados sabem a senha desta espécie de cofre. Eles precisam chamar uma equipe ainda mais restrita, que tem a combinação dos números e faz o controle de quem entra no local. O tesouro bem guardado é do artista plástico americano Roy Lichteinstein. Foi repatriado dos Estados Unidos e vale o equivalente R$ 4,2 milhões. “Nada mais verdadeiro do que se torne vendável essas obras arrecadadas de modo que retornem aos investidores, de forma mais rápida possível, aquilo que eles perderam junto ao Banco Santos”, defende o administrador judicial do banco. O quadro “Figuras sobre uma estrutura”, do uruguaio Joaquim Torres Garcia, e o quadro ‘Hannibal’, de Basquiat, não foram liberados pela Justiça de Nova York, avaliada em R$ 13,5 milhões.

O quadro "A cantora careca", de Miró, pertenceu ao investidor Naji Nahas, preso em 2008.

A suspeita é que as obras podem ter sido usadas para lavagem de dinheiro. “Adquirem-se obras de arte de forma a mascarar e dificultar a fiscalização do estado e a futura apreensão do produto do crime”, afirmou o juiz Fausto de Sanctis.

A coleção de obras apreendidas pela Justiça tem ainda peças arqueológicas. Algumas estavam com o ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira e foi feita por índios que viviam há 600 anos à margem do Rio Tapajós, no Pará. E existe outras mais ousadas. Entre elas, um sarcófago de três mil anos atrás. Segundo o museu, existem apenas mais quatro exemplares desta época no mundo inteiro. Uma porta egípcia de quatro mil anos atrás também era de Edmar e ainda há 23 armários cheios de outras esculturas que também estavam com ele. No Rio de Janeiro, há cinco quadros guardados há 24 anos. São do falido Grupo Coroa Brastel. “Uma geração inteira que não tem contato e não conhece uma determinada fatia de uma produção artística”, observa a diretora do Museu de Belas Artes do Rio, Mônica Xexéo. Algumas peças não correm o risco de leilão, como um Portinari.

A Justiça determinou que a posse é agora do Museu Nacional de Belas Artes, no Rio. Já uma escultura de bronze foi parar no meio da rua em São Paulo para todo mundo ver. Simboliza as musas da escultura e da engenharia e foi feita pelo premiado artista ítalo-brasileiro Galileu Emendabili. Ela também estava com o ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira. Agora, o governo discute com a Justiça e com o Congresso manter outras obras apreendidas ao alcance do público.

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